Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais

O post passado foi muito comentado, recebi vários e-mails de leitores com questões que me instigaram a escrever mais sobre a relação pais e filhos. Essa semana ao assistir a uma entrevista com o terapeuta familiar Moises Groisman,  me deparei com uma colocação que me fez querer escrever sobre o que ele disse da relação parental. De acordo com Moises, muitos pais tentam fazer por seus filhos aquilo que não receberam de seus pais, e que isso, muitas vezes, faz com que o filho se torne o rei da casa.
Ao falar sobre isso, o terapeuta ainda complementou com a seguinte questão: Pais que tiveram pais rígidos que tentam ser diferentes com seus filhos, podem negligenciar na educação quando não conseguem colocar limites, quando os tratam fazendo exatamente diferente do que receberam, fazem como forma de punir aqueles que “falharam” na visão deles. O que muitas vezes acontece é que, esses filhos que são criados de forma passiva tornam-se os ditadores de seus pais, fazendo com que eles vivenciem o seu fracasso e a repetição da rigidez de sua infância.
Quantos adolescentes entram no caminho ilícito? Quantos desses adolescentes tiveram pais que fizeram de tudo por eles? Isso não é regra mas, é muito comum. Não sou contra a questão de se fazer pelos filhos, mas, como disse no post passado, a criança e o adolescente precisam de amor, atenção, limite e frustração.
Ao assistir o Doutor Moises falar, me deu mais certeza de que muitos desses problemas que a sociedade e a família enfrenta é justamente por falta de pais que perdoaram seus pais. Saber que a forma de amar e educar mudou, o que não significa que não existiu amor e cuidado na forma rígida da educação passada. Ter a capacidade de tirar o que foi bom na convivência com aqueles pais, o quanto algumas daquelas atitudes foram benéficas para você, mesmo que movidos pela dor, foi a mola propulsora para o futuro.
Essa ideia de fazer o melhor para o filho não vem de agora, vem de muito tempo atrás. Ou seja, seus pais também pensaram em fazer o melhor por você e, como diz Elis Regina:
“Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais”

Quero encerrar esse texto propondo aos pais que reflitam e perdoem a forma como foram educados e pensem o quanto daquela educação ajudou a construir a pessoa que se é. Perdoem e não repitam, façam diferente sem precisar usar o anti-modelo. O anti-modelo pode ser a grande armadilha que fará você vivenciar o mesmo drama da infância. Ter um ditador em casa criado por você é igual a ter pais rígidos que fizeram com a intenção de ser o melhor para você.

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