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Ciclo Vital. Fase Madura: redefinindo papéis.
Sentimentos de perda, de missão cumprida, de angústia, de alegria, estão presentes nesse momento. Considerada a fase mais difícil do ciclo pois, exige de todos os membros redefinições de papéis, é o momento em que o centro organizador desse sistema familiar se vê com muitos questionamentos. Será que eduquei da melhor forma? Será que eles vão conseguir seguir sozinhos? Como vou cuidar agora de meus pais? O que eles precisam de mim? Agora livres da responsabilidade de educar nossos filhos, será que vamos conseguir encontrar um objetivo em comum? Vamos conseguir viver nossa vida de casal?
Os pais muitas vezes sentem-se angustiados e perdidos com a saída de seus filhos de casa, sentem um misto de vazio, desorientação, medo que misturam-se a alegria de notar que seus esforços na criação de seus filhos os tornaram autônomos e capazes de seguir suas vidas com suas próprias pernas.
A entrada de novos integrantes na família como noras, genros, netos ampliam os papéis do casal, que tornam-se sogros e avós. Muitos dos casais nesse momento olham para si e conseguem refazer planos e acordos que os permitem seguir juntos de uma forma mais madura e completa. Outros, diante de tanta mudança não se reconhecem mais como casal, o que faz cada um seguir seu caminho na vida.
Diante do casal que opta pela união, tem aí uma redefinição do papel conjugal e parental já que não são exigidos na educação, mas sim na cumplicidade e troca entre adultos. Muitos filhos se aproximam mais e tornam-se afetivos e preocupados com aqueles que lhe deram a vida. Na relação conjugal vêem nesse momento a possibilidade de voltar ao início do casamento, onde o casal volta toda a sua atenção para a relação.
O casal está livre para viver papéis de cuidado e carinho com os netos, pois a educação não é mais sua responsabilidade o que permite a eles uma relação mais livre e prazerosa. No entanto, quando esse casal tem consciência desse novo lugar, consegue estar na vida de seus filhos como porto seguro já que não precisam mais orientar. Percebem que não podem se colocar na vida familiar de seus filhos e ficam em seus lugares tornando assim amigos, podendo dividir problemas sem interferir na vida de suas crias.
Outro ponto característico dessa fase é o cuidado que o casal tem com seus pais que se aproximam da velhice. Os idosos, devido as limitações naturais da idade, acabam exigindo de seus filhos assistência nesse momento, o que em muitos casos culmina com a entrada no lar desses que lhe deram a vida e o amparo.
Considerada a fase mais complicada do ciclo vital, é o momento em que muitos casais se aproximam e conseguem no balanço final a satisfação de ver seus filhos crescidos e criados o que dá a possibilidade de aproximação conjugal e redefinições de planos futuros.
O velho e o novo: uma visão psicológica
No entanto, há aspectos positivos e importantes do senex que na relação dinâmica com o puer é imprescinsível nos dias de hoje. O autor traz a seguinte colocação: “A rigidez do senex pode servir como ponto de resistência contra mudanças que não geram nenhum sentido e são vividas mais como perdas do que como ganhos”. Vivemos em um tempo onde as mudanças sem sentido acontecem a todo momento, perdendo muitas vezes valores importantes para o equilíbrio do ser humano. Sendo assim, a resistência, nesse sentido, ajuda a manter certos valores como por exemplo, o respeito ao próximo.
No entanto, o puer também traz seus aspectos positivos, que são aquele que permitem o novo, a criatividade, a possibilidade, o entusiasmo e a energia. Carlos Bernardi diz, quem não conhece alguém que jogou tudo para o alto numa atitude aparentemente irresponsável, mas que jusrtamente por essa irresponsabilidade sua vida tomou outra direção?
Senilidade e a Invisibilidade Social
Há pelo menos dois anos venho refletindo sobre o tema do idoso no Brasil. Em 2008, eu e Clarissa Magalhães escrevemos um artigo, resultado de nosso estágio em uma cidade geriátrica, com questionamentos sobre a posição social do idoso. O artigo foi intitulado “Asilamento e Morte Social,” apresentado na Sociedade Brasileira de Psicologia e que me incentivou a novamente escrever sobre a posição do idoso em nossa sociedade.